Avançar para o conteúdo principal

Bolas de sabão

As bolas de sabão que esta criança

Se entretém a largar de uma palhinha

São translucidamente uma filosofia toda,

Alberto Caeiro, Poemas

A criança, de olhos muito abertos e deslocando-se sem parar, tenta prender, com os bracitos erguidos, as inúmeras bolas, que coloridas e fugazes, se balouçam suavemente sobre a sua cabeça antes de se extinguirem a caminho do chão. A criança ri, com risadas sonoras e límpidas que enchem a sala. O pai, com um leve sopro, faz renascer, sob o seu olhar ansioso, uma multidão de bolas que, em segundos, desaparecem no ar ou se perdem nos pequeninos dedos que não desistem de as apanhar.

A mãe, com a máquina fotográfica, tenta captar as melhores expressões da alegria esfusiante da criança que persiste em agarrar nas mãozitas de dedos muito abertos aquelas bolas leves e coloridas que tão rapidamente se desvanecem.

Eu observo, com uma ternura calada, aquele quadro que me encanta. E não posso deixar de pensar no nosso Caeiro, o poeta que não gosta de símbolos e para quem aquelas bolas são translucidamente uma filosofia toda, que de nada serve e nada explica, que nada acrescenta e é apenas ocupação de homens doidos.

Sim, eu entendo-o, a ele e aos seus discípulos, seus irmãos poetas, procurando, cada um a seu modo, uma explicação, uma justificação para a terrível aventura de estar vivo. Mas mesmo sabendo que o nosso poeta despreza todo e qualquer tipo de símbolo, ao contemplar esta cena feita de bolas de sabão e de risos pueris, ao ver o doce enlevo do olhar dos pais, não posso deixar de ver nela, como Reis muito provavelmente veria, o símbolo da fugacidade de tudo, da alegria, da infância, dos momentos de felicidade, da vida, enfim…

Tudo passa, nada dura, como Reis tão bem exprime. Mas são momentos como este, por breves que sejam, que ajudam a preencher a vida, lhe dão sentido e a transformam num bem que não pode ser negligenciado ou desprezado.

Helena Monteiro

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Joaquim de Carvalho reconhece o mérito dos seus alunos

Esta semana o nosso diretor, Carlos Santos, entregou um louvor público a vários alunos, por terem tido uma digna prestação enquanto representantes da Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz: Afonso Cabete Santos conquistou o 4.º lugar mundial na categoria de 17/18 anos em Remo Indoor, pela equipa da Naval Remo, nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2023, em Toronto, Canadá; Pedro Luís Ferreira Rodrigues sagrou-se campeão mundial na categoria de 17/18 anos em Remo Indoor, pela equipa da Naval Remo, nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2023, em Toronto, Canadá; Mariana Carvalho C. Marques, como elemento da Seleção de Futebol Feminino de Coimbra, alcançou o 7.º lugar na fase final do Torneio Interassociações Fut 7 feminino sub-14, entre 22 seleções, organizado pela Federação Portuguesa de Futebol, nos dias 29 e 30 de abril de 2023 na região de Leiria; Mónica Carvalho Oliveira, como elemento da Seleção de Futebol Feminino de Coimbra, que alcançou o 7.º lugar na fase final do Torn

Tradição mantém-se: Joaquim de Carvalho comemora Santos Populares

No dia 27 de junho, a Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho comemorou, mais uma vez, os Santos Populares com a já tradicional sardinhada. Foi um momento de convívio e partilha que reuniu docentes, não docentes e aposentados num total de cerca de 120 animados convivas. A boa disposição foi uma constante ao longo do serão, permitindo estreitar laços de amizade e fortalecer o espírito de escola. A ementa não teve surpresas, mas foi pautada pela qualidade da bela sardinha assada pelo diretor da escola que assumiu, da forma competentíssima a que nos habituou, as funções de “Chef”. Não faltaram os habituais acompanhamentos e, para aqueles que não são apreciadores de pescado, a saborosíssima febra, tudo “regado” com a bebida ao gosto de cada um! Os presentes puderam igualmente deliciar-se com o enorme sortido de sobremesas, oferecidas pelos vários participantes no evento. O momento alto da noite foi, sem dúvida, o desfile dos marchantes que cantaram uma letra de sua autoria ao som da ma

Por onde andam os nossos antigos alunos?

 O Sinal foi encontrar a Ana Sofia Bizarro no Porto!! Tem  24 anos, é natural de  Tavarede e saiu da  Escola JC no ano letivo de 2016/2017 Frequentou o mestrado integrado em Medicina da FMUC e é interna de formação geral no Hospital Universitário S. João no Porto. Sinal-   Quando descobriu em si a vocação para este curso? Ana Sofia Bizarro - Sempre tive interesse em várias áreas. No secundário acabei por escolher o Curso de Ciências e Tecnologias e, ao longo desses três anos, comecei a explorar as hipóteses de cursos a seguir no ensino superior. Após investigar vários cursos, percebi que queria algo que me permitisse ter contacto com pessoas e ao mesmo tempo manter ligação à ciên cia. Fui falando com vários profissionais, analisando profissões e cursos como medicina dentária, ciências da nutrição e medicina e, no fim do secundário, acabei por escolher medicina. Entendi que era o curso mais abrangente dentro da área da saúde e que tinha o bónus de me permitir ajudar pessoas enqua