Sinal – Sabemos que é professor de Educação Física. Pode dizer-nos há quantos anos? Qual a razão da sua escolha profissional?
G.S.- Comecei a lecionar Educação Física no ano de 1990, precisamente na escola que frequentei no meu 5º e 6º anos de escolaridade, a Escola C+S da Senhora da Hora, situada no concelho de Matosinhos, distrito do Porto. Por coincidência, foi nessa altura, quando tinha 10 ou 11 anos de idade e frequentava o 5º ano, que decidi ser essa a profissão que queria ter quando fosse adulto. O facto de ter um professor de Educação Física excelente, que adorava o que fazia e transmitia essa paixão aos seus alunos, ajudou a consolidar essa vocação e a agarrar todas as oportunidades que tive para praticar todo o tipo de desportos.
Sinal – O que mais gosta de fazer para relaxar após um dia cansativo de aulas? Porquê?
G.S. -Não posso dizer que as aulas sejam cansativas para mim. Mesmo num dia mais preenchido, as aulas não me cansam. Faço algo que gosto, estou num ambiente que me coloca sempre desafios novos e vejo alguns dos meus alunos com o mesmo tipo de paixão que eu tinha e continuo a ter em relação ao desporto, por isso são poucos os dias em que chego a casa cansado. Como continuo a praticar desporto quase todos os dias, o cansaço que sinto faz parte do processo de treino e é agradável de sentir.Sinal-Visto que é professor de Educação Física, qual é o desporto que mais gosta de praticar ou assistir?
G.S.- Gosto de assistir a qualquer tipo de desporto, desde que os atletas sejam de topo. Há algo de único na excelência desportiva, qualquer que seja a modalidade, que me atrai de sobremaneira. Ciclismo, basquetebol, atletismo, futebol, voleibol, ginástica, natação, ténis, andebol, surf, triatlo… a lista é interminável, pois em qualquer modalidade, a excelência no desempenho físico, a inteligência da estratégia de competição e a emoção dos atletas e do público, cria um espetáculo digno de ser apreciado.
Pessoalmente, e depois de ter praticado diversas atividades desportivas, atualmente a modalidade que mais gosto de praticar é o Trail Running ou Corrida de Montanha, na tipologia de endurance. As sensações que esta atividade transmite, o contato com a natureza e a simplicidade da sua prática faz com que seja a minha modalidade de eleição neste momento.
Sinal – De todas as provas em que o professor participou, qual foi a melhor ? Por que razão?
G.S.- Recentemente concluí uma prova de Trail de 111 milhas, ou seja, cerca de 180 km. Para mim teve um significado especial por dois motivos: em primeiro lugar, porque foi a maior distância que percorri em prova até ao momento e, em segundo lugar, porque foi num local que já é especial para mim, a serra de Sicó, onde, nos últimos 6 anos, consegui sempre terminar todas as provas de 111 km em que participei. Essa consistência, ao longo de 7 anos, é algo que me satisfaz bastante, pois significa que consigo manter uma atividade desportiva regular ao longo de vários anos e sentir-me bem com essa prática.
Sinal – Qual o desportista que mais admira actualmente? Porquê?
G.S.- Não tenho um desportista específico que admire particularmente. Como já disse, gosto de ver a excelência em qualquer desporto e qualquer desportista de excelência é, para mim, uma referência. Todos os desportistas, tal como todas as pessoas, têm aspetos positivos e outros menos positivos. Reconhecer e ter a oportunidade de assistir à excelência do seu desempenho, ficar maravilhado com o espetáculo que nos proporcionam e poder aprender algo, por pouco que seja, com qualquer um deles, já é suficiente. Nunca apreciei nem participo na criação de ídolos.
Sinal – Se pudesse ter nascido noutra época histórica, qual escolheria? Porquê?
G.S.- A época em que nasci foi excelente. Não me imagino a viver noutra era, nem tão pouco penso nisso.
Sinal- Como se definiria enquanto pessoa?
G.S.- Sou exigente, comigo e com os outros. Apaixonado pelo que faço. Aprecio o empenho e a capacidade que algumas pessoas têm em persistir até atingirem os seus objetivos e não tenho paciência para a hipocrisia nem para a falta de responsabilidade.
Sinal- Se pudesse criar uma lei para a sociedade relacionada ao desporto qual escolheria? Porquê?
G.S.- Que todas as empresas e organizações deveriam oferecer um programa de exercício físico para os seus colaboradores. Todas as pessoas deveriam ter a possibilidade de manter a prática de exercício físico ao longo da sua vida. Muitas param porque, no contexto da sua vida profissional, as exigências não deixam tempo nem espaço para o desporto.
Sinal- Em que escolas leccionou até hoje?
G.S.- Como sou do Norte, trabalhei essencialmente em escolas e instituições de ensino da zona do Porto, Maia e Vila Nova de Gaia. Desde que vim morar para a Figueira da Foz, a única escola em que lecionei foi a Joaquim de Carvalho.
Sinal- Além de ser professor de Educação Física, se pudesse escolher outra profissão qual escolheria?
G.S.-Tive a oportunidade de trabalhar em várias profissões ligadas ao desporto. Para além de professor de Educação Física, trabalhei vários anos como professor no Ensino Superior na área da Gestão Desportiva, fui técnico de desporto na Câmara Municipal do Porto, diretor geral do Centro Desportivo Universitário do Porto, diretor de uma unidade de fitness, treinador de basquetebol e empresário no setor da formação, eventos e marketing do desporto. Escolheria sempre uma profissão ligada ao desporto.
Sinal- Que mensagem gostaria de deixar aos leitores do Sinal?
G.S.- Que procurem sempre dar o seu melhor em tudo o que façam. Se ainda não souberem qual é a sua vocação, ela decerto vai surgir no meio de todas essas atividades que são feitas com empenho e vontade de fazer bem. Quando a descobrirem, não pensem duas vezes e apostem tudo no que gostam de fazer; de certeza que vão transformar-se em profissionais de excelência. Ah… e nunca deixem de realizar exercício físico.
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