No âmbito do Dia do Autor Português, assinalado no passado dia 22 de maio, continua patente, na Biblioteca Escolar, uma exposição de autores figueirenses e respetivas obras.
Dentre os numerosos escritores, o Sinal entrevistou Cátia Costa, autora de Tobias, um menino especial, e António Tavares, professor de Economia A na nossa escola e vencedor do Prémio Leya, em 2015. Deixamos as impressões que colhemos.
Sinal- Como foi o processo de se tornar escritora?
Cátia Costa - O processo de me tornar escritora não foi nada planeado. Em 2019, decidi ingressar no Mestrado de Educação Especial - domínio cognitivo e motor. Fiquei tão apaixonada por esta área que decidi escrever o livro Tobias, um menino especial, que retrata uma criança que frequenta uma Escola também ela Especial, onde todos se aceitam e respeitam. Foram os meus professores de Mestrado que contribuíram para a minha inspiração, pois todos queremos que as crianças diferentes sejam aceites e integradas na nossa sociedade e, de facto, ainda temos um longo caminho a percorrer nesse sentido. No final do Mestrado, elaborei a minha tese e tive como objeto de estudo o livro, que foi criado com o objetivo de poder enriquecer o meu estudo e contribuir para que todas as crianças percebessem, através da literatura infantil, que devemos todos ser aceites e integrados numa comunidade, que pode ser mais inclusiva se for sensibilizada para o efeito. Foi um processo bastante enriquecedor e continua a ser muito gratificante.
S.-Quando é que se apercebeu que era algo que queria chamar de carreira?
C. C. - A partir do momento em que li o livro (ainda não editado) numa escola primária, aquando do estudo para a tese de Mestrado, percebi que as crianças ficaram entusiasmadas com a história e com a própria personagem. Consciencializei-me, então, que talvez o livro pudesse singrar e chegar ao coração de mais crianças. Não considero que seja uma carreira o facto de ser escritora nesta área da literatura infantil inclusiva, prefiro chamar-lhe de missão. Escrevi um livro, mas tenho toda uma carreira ligada ao mundo da educação, estou sempre em contacto com crianças e jovens e contribuo para a Formação de adultos em diversas áreas de ensino. O objetivo desta pequena viagem é chegar ao coração de todos eles para que entendam que o mundo não gira à nossa volta e que todos têm uma história, todos são diferentes e especiais, cada um com as suas fragilidades e pontos mais fortes, logo, temos de nos aceitar e respeitar para que, no fim, possamos viver num mundo melhor e mais cheio de humanidade e solidariedade. Pode ser utópico, no entanto, é isso que quero na minha missão: chegar a alguns corações e abanar determinadas consciências.
Sinal - De onde surgiu a necessidade de escrever?
António Tavares - Não sei de onde vem a necessidade de escrever. Acredito que viver é acumular estórias e que essas estórias devem ser contadas. Escrevo para contar estórias.
S. - Escreve com um intuito lógico ou meramente emocional?
A. T. - É o gosto de viver e a graça que a vida tem que me fazem escrever. Isto é feito com o coração. Mas também há uma dimensão de análise dos tempos e dos modos da ação e há a forma, a escrita, o que se chama a voz. No fundo, a escrita de ficção é uma inspiração, um estado quase místico de exaltação do mundo.
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Maria Alhinho, 11ºF1
Vítor Gonçalves, 11ºH
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