O Sinal entrevistou Matilde Pereira, de 18 anos, e Tomás Neves, de 16 anos, dois remadores do Ginásio Clube Figueirense, alunos da nossa escola, que participaram no Campeonato do Mundo de Remo de Mar Beach Sprint, de 12 a 17 de outubro, no País de Gales.
A Matilde pratica remo desde 2016 e o Tomás, desde 2020. Ambos foram incentivados por familiares que já praticavam esta modalidade.
Consideram que determinação e vontade são de extrema importância para o perfil de um bom remador dado que a rotina de treinos diários é complicada. Além disso, é necessário gostar mesmo do desporto e estar em boa condição física e psicológica. Realçaram igualmente o facto de ser imprescindível não descurar a saúde mental.
Segundo eles, rotina e organização são essenciais à conciliação da vida académica e social. Face a dias tão preenchidos, é necessário aproveitar todos os minutos. Têm de estabelecer prioridades e abdicar de muitas coisas de que gostam, apesar de por vezes se sentirem mal e os outros não entenderem. Acabam frequentemente por recusar os eventos sociais.
Para poderem ser seleccionados para a competição, tiveram de realizar várias provas durante o verão, período de intervalo da época desportiva, durante o qual os atletas podem descansar do ritmo frenético do resto do ano e das competições. Assim sendo, não tiveram tempo para descansar, como seria habitual. A primeira prova ocorreu na Figueira, a 30 de Julho. Como a Matilde estava no final do 11.º ano, teve um
desafio acrescido, o dos exames nacionais.
desafio acrescido, o dos exames nacionais.
Falando da sua experiência, Matilde e Tomás assinalaram a longa viagem de 6 horas de carro, desde o aeroporto de Londres até ao País de Gales. Foram surpreendidos pela oportunidade de representar Portugal numa competição tão importante e têm plena consciência de que deram o seu melhor, estando, por isso, satisfeitos com o seu desempenho. Afirmam que “não há lugar para arrependimentos”. Consideram ter sido uma honra representar o país mas, simultaneamente confessam que estavam sob grande pressão. Ambos referem que as noites sem dormir, devido aos nervos (realidade frequente durante as provas) foram compensadas. Realçam o bom sentimento antes de começar a prova, enquanto pensam no que têm de fazer durante a mesma. Em contrapartida, já ouviram comentários depreciativos relativamente às suas prestações na prova; todavia, para eles, o que importa é o facto de se sentirem bem e estarem de consciência tranquila.
A Matilde salientou que foi a sua primeira viagem de avião. Para ambos esta participação constituiu uma oportunidade de conhecer o País de Gales. Constataram que Saundersfoot, a cidade onde ficaram, é muito acolhedora e, ainda que tenha muitos cães, é extremamente limpa. Partilharam que as viagens de carro eram sempre uma aventura, visto que o treinador não estava habituado ao carro que conduziu (e que tinha o volante à direita!) até andaram em contramão. Além disso, a Matilde tirou uma foto com a campeã olímpica.
O apoio dos amigos, dos familiares e do treinador tem sido fundamental na sua jornada desportiva. Contudo, não obstante terem pessoas que acreditam neles, têm de acreditar em si próprios antes de mais nada. Apreciam que, no início dos treinos, o treinador lhes pergunte como se sentem e que este adapte a prática ao estado de espírito dos atletas.
No que toca a projetos para o futuro, o Tomás considera que ainda é uma incógnita. Quer continuar a praticar remo e entrar na universidade. Também gostava de fazer parte da Seleção Nacional, como a Matilde já fez. Por sua vez, a Matilde, para preservar a saúde mental, tirou um ano para estar fora da competição, mas continua a praticar remo. Quer mais tempo para ela, experimentar coisas novas, mudar a rotina. Gostava de se formar em psicologia do desporto, pois muitas vezes sente a necessidade de falar com alguém que esteja fora da sua esfera habitual.
Joana Ferreira, 12º
Sofia Godunova, 10ºE
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