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À conversa com...... o professor Paulo Diogo

Na sequência da exposição dedicada ao livro Manuel Fernandes  Tomás,um homem do outro mundo, o Sinal  foi ouvir  o seu ilustrador.
Deixamos aos nossos leitores alguns aspetos  biográficos e profissionais do professor Paulo Diogo Oliveira.

BI
Idade: 61 anos. Naturalidade: Figueirense.
Estudou: Coimbra, no curso de escultura.
Escritor favorito: Mário de Sá-Carneiro.
Profissão: professor na ESJCFF 

Sinal – Pode dizer-nos como é ser professor de desenho? E como é desenhar bandas desenhadas? 
Dr. Paulo Diogo Gosto de ser professor de Artes. O que mais me agrada é sentir que contribuí para um bom posicionamento profissional dos nossos antigos alunos. Por isso, o primeiro e único conselho que dou aos jovens é que trabalhem muito e, assim, conseguirão alcançar os seus sonhos. 
O meu gosto pela BD começou com a leitura do Tintin; devia ter 10 anos, andava no 1º ano do ciclo preparatório, também lia as aventuras dos Sete e dos Cinco, da Enid Blyton. Requisitava o Astérix e o Lucky Luke na Biblioteca itinerante da Gulbenkian. Tinha um amigo que era bom na escrita e eu no desenho. E começámos a criar história que nunca concluía-mos. Esta foi a minha primeira experiência com BD. 
A Covid fez renascer o meu interesse por fazer Banda Desenhada. Criei um vampiro vegetariano que come beterrabas e tomates e que é o meu alter ego. Já conta com três fascículos publicados. Foi também nesse período que comecei a produzir os “Fanzines”. Os “Fanzines” é um termo que resulta da junção de “fan” com” magazine” que surgiram na América dos anos quarenta como forma de ultrapassar o desemprego daqueles que não conseguiam publicar as suas BD nos jornais. 
Sinal – Sabendo que também pinta alguns quadros, tem algum quadro exposto? 
PD – Sim, possuo retratos de quando a minha filha nasceu dos quais nunca poderia desfazer-me. Tenho também pinturas em coleções particulares, no acervo do CAE e nas paredes do Hospital da Figueira da Foz. 
SQuais são as suas pinturas preferidas? 
PD- As obras de arte que me ficaram na retina são “Angelus” de Jean-François Millet, pausa para orar no intervalo do trabalho; “A Sesta” de Van Gogh, que representa os camponeses a descansar; “O Almoço do Trolha” de Júlio Pomar e Salvador Dali também me fascinou muito na juventude, por ser onírico e ter uma técnica de pintura a óleo fabulosa. 
S Qual acha ser sua melhor qualidade? 
PD- Não sei… Tenho dificuldade em me zangar com as pessoas mesmo quando me magoam. Gosto das pessoas. Quando as pessoas são más, tento perceber porque são assim, com calma e compreensão. 
S - Além de ser professor de artes, se pudesse escolher outra profissão qual escolheria? 
PD Artista plástico, sem dúvida. Aliás este era o percurso que teria gostado de seguir. Infelizmente, cedo me apercebi de que não seria possível sobreviver dessa forma. 
S Se pudesse escolher viver noutra época, qual escolheria? Porquê? 
PD – Na época de Mozart, talvez. Não pela qualidade da vida dessa época, que era seguramente melhor que a de hoje, mas para poder assistir ao vivo, quer na corte, quer nos concertos que dava pelas cidades. E até poder viajar com ele, no coche, onde em poucos minutos conseguia compor as melodias maravilhosas que conhecemos. Outro músico extraordinário, de que gosto, é Franz Schubert com a sua fascinante vida infeliz e pela excelência da sua música. 
S – Pode falar-nos sobre a sua última obra? 
PD A última obra oficialmente publicada foi “Manuel Fernandes Tomás, um homem do outro mundo”. O projeto surgiu a convite da Câmara Municipal que pretendia uma obra sobre este notável figueirense, mais dirigida aos jovens. A Câmara já tinha um argumentista, e precisava de um desenhador. Aceitei o convite. Fiz muitas pesquisas sobre a vida da personagem e o seu tempo para reproduzir, o mais fielmente possível, a arquitetura das casas, o vestuário, por exemplo. Investiguei a toponímia da época, os respetivos usos e costumes… 
O argumentista pensou em arranjar uma história de extraterrestres que vinham à Terra para conhecer a estátua da Liberdade, em Nova Iorque. Porém, enganaram-se e aterraram na Figueira Foz onde contactaram com dois pescadores que lhes indicaram a localização da estátua de Manuel Fernandes Tomás, a qual ganha vida perante eles. Tive de arranjar um extraterrestre diferente mas que fosse giro: os olhos desiguais e o nariz com uma única narina. A nave espacial é um ser vivo híbrido. 
SE como foi trabalhar com o Dr. José Matos, o argumentista? 
PD Foi muito fácil. Ele tem livros publicados e estava muito entusiasmado com a ideia da sua primeira banda desenhada. Enviava-me o argumento, capítulo a capítulo, e todas as sextas-feiras reuníamos com as pranchas que eu tinha concluído. A revisão de texto foi da sua autoria com muito cuidado e minúcia. Quase não interferiu nos meus desenhos. Até porque a minha imaginação o surpreendia. 
S - Que projetos tem para o futuro? 
PD – Ando empenhado em desenvolver os “Fanzines” poesia/BD. O primeiro número apresenta trabalhos dos alunos e é ilustrado por mim. O segundo apresenta trabalhos poéticos diferentes, nomeadamente, poesia de Mário de Sá-Carneiro. O terceiro é um conto de António Tavares cujas personagens são seres míticos da cultura portuguesa. Quero produzir mais e também pretendo fazer uma obra sobre a inteligência das plantas. 
S – Que mensagem gostaria de deixar aos leitores do Sinal? 
PD – Vivemos numa época de conflitos que se alastram; certos pensadores dizem que as guerras se têm revelado boas para a humanidade, mas esquecem-se da saúde do planeta. Somos obrigados a conviver com uma ciência frenética e sedenta que nos coloca à beira de um abismo sem termos a noção da queda. Depois deste desabafo, digo que devemos ler muito, ouvir muita música e amar.
Chelsea Silva, 10.ºF
Flor Meneses, 11ºF
Isadora Afonso, 11ºF







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