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Margarida Coelho relata experiência de voluntariado em SOGA



 
Nome: Margarida Coelho
Idade: 38 anos
Data de nascimento: 10/02/1980
Formação: Fisioterapia
Música preferida: música acústica
Filmes marcantes: Efeito Borboleta, Paixão de Cristo, Silêncio dos Inocentes, Seven …
Autores prediletos: Robin Cook; Camila Läckberg
Alimento de eleição: pão







É a primeira vez que participa numa ação de voluntariado? 
Não! Como sabem, voluntariado é qualquer trabalho que se faça em prol do outro, sem remuneração e, desde pequena, estes valores estiveram enraizados na minha família. 
A primeira acção “séria” internacional foi com a AMI, em 2009, à Guiné (Ilha de Bolama) e durou quinze dias. Fui também, durante seis anos, socorrista da Cruz Vermelha. Cá, também tive uma pequena participação na Terra dos Sonhos, uma associação de Lisboa que concretiza sonhos de crianças com doenças terminais.
Realizei dois sonhos: levei um menino e uma menina ao Jardim Zoológico para contactarem com os golfinhos e outros animais. 
Há dois anos, em 2016, fui um mês para o Peru. Estive num dos bairros piores de Lima, Vitória, a ajudar as irmãs Missionárias da Caridade da ordem da Madre Teresa de Calcutá. 
No ano passado, juntei-me a uma associação sem fins lucrativos e encontrei o meu propósito para uns tempos!
Trata-se da Associação S.O.G.A (Servir Outra Gente com Amor), cujo acrónimo é igualmente o nome da ilha que estamos a apoiar. Esta associação foi criada em 2013, mas só existe legalmente desde 2015. 


O que a tem motivado a ir para tão longe?
As razões são várias. Por um lado, tinha alguma curiosidade de conhecer novas realidades, por outro queria ajudar os povos mais carenciados. Fiquei apaixonada pela América do Sul.


Fale-nos um pouco desta última missão?
Foi diferente de tudo o que tinha feito anteriormente porque o trabalho foi curto mas intenso. Éramos quatro elementos da Associação e fomos por terra de jipe para podermos levar medicamentos, material escolar e roupa. A Associação já conseguiu também enviar um contentor que transportava
inclusivamente um barco para lhes permitir o percurso entre a ilha e o continente, uma vez que os locais não têm forma de sair da ilha senão uma pequena piroga (uma vez por semana) que liga à ilha vizinha Bubaque .
O objectivo era conhecer a ilha e recolher informação dos vários projectos que a Associação aí desenvolve para continuarmos o trabalho em Portugal. 
A Guiné é um dos países mais pobres, a nível da saúde está em 9º lugar dos piores. Falta tudo: medicamentos, água potável, electricidade, saneamento básico, pessoal médico…. 

De Bissau até à ilha são 5 horas num barco sem condições, além dos 40 minutos de piroga entre a ilha vizinha e a ilha de Soga. 
Desde a chegada da Associação à ilha, as condições de saúde melhoraram bastante, tais como a taxa de mortalidade infantil que reduziu de 30% para 2%; há mais crianças a frequentar a escola (com o programa de apadrinhamento e as bolsas de estudo); estão a ser construídas latrinas (espalhadas pela ilha, começando nas zonas das escolas). Estão a ser adquiridos filtros para tornar a água potável. No entanto, ainda muito há a fazer pois são 5 aldeias e uma população de cerca de 1200 pessoas (mais de 400 crianças). A água é extraída manualmente dos poços e transportada em baldes pelas mulheres que são as únicas que trabalham. 
Durante o tempo que lá estivemos não sentimos falta das novas tecnologias (não há eletricidade, nem água corrente…), embora houvesse rede! Ficámos acampados, dormíamos no chão dentro de pequenas tendas, em cima de esteiras. 
A alimentação é pobre e assenta em arroz com óleo de “chabéu”, por vezes acompanhado de peixe. Só fazem uma refeição por dia; em dias de festa comem carne dos animais que criam e que andam à solta (galinhas, porcos e vacas).
Ao longo do dia vão comendo alguma fruta.
Porque não foram só momentos mais sérios: uma noite, uma vaca foi contra a nossa tenda; outra noite, foram dois porcos!
Os habitantes falam crioulo e o dialecto dos Bigajós. Na escola aprendem Português.


Que dificuldades enfrentou ao longo dessa viagem?
Levámos 7 dias a chegar porque tivemos algumas avarias durante a viagem o que nos atrasou. Foi um trajeto difícil com muito calor, muito pó, muita areia!





O que considera mais gratificante?
O sorriso das pessoas enche-nos.



Como é o dia-a-dia de um jovem nessa comunidade? 
Os jovens têm escola de manhã ou de tarde, apenas três horas de escola por dia. Na ilha, há três escolas: duas particulares e uma pública. A pública fecha muitas vezes, pois quando o governo não paga os salários, os professores encerram a escola. O resto do tempo ajudam a família em casa e no campo ou brincam à bola… 
Os habitantes da ilha são pessoas de uma bondade e gratidão enorme. Vivem com pouco e agradecem por pouquíssimo.



Quais as vantagens deste tipo de atividade para os jovens?
O voluntariado pode ser feito em qualquer lugar: na escola, ajudar um vizinho, recolher bens alimentares. Não é necessário ir para fora do país. É uma actividade que recomendo a todos, pois muitas vezes, não sei quem ganha mais se eles ou nós. Torna-nos seres humanos mais capazes e mais responsáveis.
Com o voluntariado, o espírito de solidariedade cresce em nós. Recomendo a prática pura do voluntariado, isto é, em pedir nada em troca. 
Recomendo o site “Para onde”, um projecto que tem parceria com o governo português.



Carolina Pimentel, 7.º E
David Ferreira 7ºC
Joana Ferreira, 7.º C
Tiago Carvão, 7ºC
Inês Nunes, 8.º E
Tiago Gomes, 10ºC

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